terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Educar é sentimento?



Hoje Malu termina o seu primeiro ano letivo!!

Quanta história, quanta vivência, quanto crescimento!!!

Sempre pensei em colocar Malu na escola que ela estuda, lembro de barriguda ligar para a escola para saber com qual idade ela poderia ser matriculada. 1ano e 6 meses. Caramba, aquilo parecia uma eternidade.

(Só um parênteses, mãe de primeira viajem é muitooooo ansiosa, para que eu precisava ligar para a escola se ainda tava grávida??? Mas vai explicar isso para a buxuda aqui!!)

A verdade é que eu adorei estudar lá, meu irmão adorou estudar lá e eu queria poder proporcionar o mesmo para a Malu. Já meu marido, havia estudado a vida toda em escolas tradicionais e tinha detestado todas elas, então o jogo estava quase ganho, já que de tradicional a Oga Mitá não tem nada - ou será que podemos dizer que ela tem a tradição de ser diferente? ;P

Bastou uma visita e voilá, matrícula realizada e pai vestindo a camisa.

Malu parece ter uma sincronia bem sinistra comigo, foi ela perceber que eu amava a escola que Plin-* A adaptação foi moleza.

Mas e a nossa adaptação, cara pálida?? E não é que tivemos adaptação para os pais, calma, não era nada formal, mas aos poucos fomos criando lista de email, encontros de integração, passeios com a familia. E tudo foi incrível, a galera se desdobrava e se fazia presente, todo mundo aberto, assim como as crianças, para fazerem novos amigos.

Devo assumir que para mim foi um pouco dificil, sou meio tímida, mas como acho que pai que é pai tem que fazer valer o título, lá ia eu, desbravando o mundo de "pais-professoras-amiguinhos...", terra ainda desconhecida para a mãe de primeira viagem aqui!

E como foi tudo maravilhoso, como nos sentimos acolhidas, bem-vindas. Valeu cada reunião, cada aniversário, cada passeio, cada troca de email, cada vaquinha de presentes.

E para fechar o ano ainda tivemos um BIG presente. Fomos convidados para apresentar alguma atividade para as crianças da educação infantil!!! A proposta foi sendo aceita por cada pai, pouco a pouco íamos nos preparando, dividindo as tarefas, fazendo ensaios na escola.

Era engraçado quando conversáamos com alguém sobre o teatro do fim do ano da escola da Malu, todo mundo perguntava o que ela iria ser e então se surpreendiam com o fato dos atores serem nós, os pais!!

Vocês não tem idéia da animação que foi, vários ensaios, compra máscara, tira foto, repete tudo, toca de novo... Enfim, a galera toda suou a camisa, mergulhou fundo na proposta (estamos até agendando novos shows, brincadeirinha...).

Mas havia uma dificuldade, a apresentação seria em dia de semana e no horário escolar. Então além de ensaiar seu bicho a galera ainda ia ter que rebolar para organizar uma possível fugidinha para estar na hora do teatro.

Sabe o que foi incrível? Um por um foi conseguindo, a coisa foi fluíndo, quando o pai não podia, a mãe conseguia, ora podiam os dois... Enfim, a bicharada foi se reunindo.

No dia do teatro foi possíel ver o sacrifício de cada um, o aperto do horário, o celular tocando, cada um que chegava era uma vitória, e a coxia foi enchendo, a animação foi tomando conta a preparação ganhava os retoques finais. E então aconteceu algo que mexeu comigo (não, não foi o neném que chutou, engraçadinhos!).

Um único aluno não teria representante, o horário realmente era dificil, talves a avó fosse no lugar dos pais, mas nem isso estava certo. Sabe quando aquilo fica lá no fundo, dando um aperto no peito? E então vemos entrar um homem na coxia, roupa de trabalho, meio sem jeito, talves intimidado com a união dos outros pais. Foi então apresentado à nós pela professora.

Era o pai do tal aluno!!! Ele veio, a criança teria o seu representante, a turma toda estaria representada. Não me contive e uma lágrima rolou. Sabem aqueles filmes de milagre no natal? Eu vi acontecer! Sei que no fundo me emocionei não pelo aluno, mas por mim, por todas as vezes que me senti de lado, diferente dos de mais, aquela lágrima me lembrou todos os passeios que eu não fui, todas as reuniões que meus pais não foram, todos os eventos escolares que perdemos... Naquele dia o pai estava lá!

Talves sejam os hormônios da gravidez, a minha história de vida, o amor que eu sinto pelos meus filhos, ou tudo isso junto. Mas ver aquele pai chegar, sem máscara, sem ensaio, sem nos conhecer direito, vestir uma máscara emprestada, de um animal que nem teria lugar originalmente na música e participar do espetáculo foi muito forte para mim. Se a Oga Mitá fosse um sentimento, aquilo seria Oga Mitá para mim!

Queria de coração aproveitar o blog e agradecer à escola, à coordenação, às Professoras Valéria, Déborah e à Isabel, aos pais, familiares e, principalmente,amigos, que puderam me proporcionar mais uma forma de demonstrar o imenso amor que sinto pela minha filha. Agora, mais do que nunca eu sei, EDUCAR é possível!

"(...)Se eu tivesse mais alma pra dar
Eu daria, isso pra mim é viver. (...)" Djavan


*Imagem: Bicharada reunida depois da apresentação.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

VOLTANDO!! ALÔ, ALÔ, TERRA??? Preparar para aterrisagem, segurem suas panças! 3,2,1....

Pois é, acho que estou de volta.

Milênios depois de tamanho sumiço, aqui estou eu, mais gorda, barriguda e esfomeada do que nunca!

Acho que agora vai, depois desse sumiço todo, estou conseguindo colocar os pés na Terra novamente (a pontinha, mas vai lá, já dá para o gasto, não?!).

Então, como quem volta sempre conta de onde veio vou começar o meu CAUSO devagarzinho, até porque ainda estou aterrissando, não deu para elaborar tudo, ok?!

Eis que do sonho realizado de gerar mais um membro da familia eu acabei entrando em parafuso. E fui rodando, rodando, até sair de órbita.

Primeiro vieram os enjôos brabos, vomitando o dia todo, Malu até já ia atrás de mim no banheiro imitando o barulho do vômito (imaginem a cena deprimente!!).

Entre os vômitos ficava a nausea, companheira diária, que me fazia não conseguir comer nada, o que piorava os enjoos- naturalmente.

Entre os enjôos e nauseas, todas as outras obrigações diárias e, cedo como as galinhas eu me via desmaida de sono.

Devo dizer que, se meu marido tivesse fugido de casa eu nem ficaria sabendo, eu dormia quando ele chegava e só nos falávamos por telefone.

Malu, cheia de gás querendo brincar, fazer e acontecer e eu mais mole que Maria Mole.

Comecei a me questionar, era isso mesmo que eu queria? Minha vida havia mudado radicalmente e eu só queria que ela voltasse a ser como era antes. Essa não era eu, estava detestando tudo, essa moleza, cansaço, enjoos... QUE MERDA QUE EU FUI ARRANJAR????

Depois eu pensava melhor e lembrava no quanto eu queria mais um filho, como seria gostoso compartilhar a nossa familia com mais alguém, como é bom amar a Malu e como vai ser bom sentir isso por este outro serzinho...

E ai a cabeça pirava mesmo! Porque não estava dando para ser feliz daquela forma, passando mal o dia todo, me arrastando pelos cantos, eu estava triste e desanimada.

E então eu sucumbi à industria farmacêutica (calma galera, não foi dessa vez que eu experimentei antidepressivos, ok?!), liguei aos prantos para a parteira, para ser mais sincera eu pedi ao marido para ligar, fiquei meio sem graça de estar tão mal e apelando para os remédios. Aos prantos implorei para um remédio de enjoo.

Um parentese: Tenho horror a tomar medicamentos, estando ou não grávida, na gravidez então, não tomo nem complemento vitamínico se não for extritamente necessário e com data para parar!!

Bom, lá fui eu e meu remédio de enjoo. O mal estar era pior do que o medo de ingerir aquele treco e então fui com tudo. 2 comprimidos por dia.

Fui então me drogando, tinha dias que eu tentava não tomar, mas ai não tinha jeito, eu acabava correndo e me atracando com a "bendita" pílula. Os dias foram passando, e o primeiro trimestre foi acabando, abrindo passagem para o segundo e a pílula foi ficando para trás.

Nessa confusão o bebê foi começando a tomar corpo, o meu corpo, claro, e a barriguinha foi aparecendo, a energia foi voltando e as coisas estão caminhando para a "normalidade".

hauahauhauah Cara, quando eu penso em normalidade sou até capaz de ouvir, lá no fundo, uma gargalhada sarcástica zombando da minha cara. "Normalidade" (ouviram???), como é possível pensar em normalidade quando se está à espera de um lindo serzinho que, assim que respirar a primaira fração de O2 vai fazer o mundo virar todo de cabeça para baixo novamente????!!

Não, pelo amor de Deus, não pensem que não estou feliz, que este bebê não é amado e esperado!! Muito pelo contrário!! Quando penso em filhos consigo sentir meu coração de forma visceral e doida, não há maior amor nesse mundo!!

Mas é exatamente este amor que movimenta esta roda louca que é a vida, e é por isso que minha mente grita: NÃO EXISTE NORMALIDADE QUANDO SE TRATA DE AMOR, QUERIDA! ESTE BEBÊ, QUANDO CHEGAR, VAI TE COLOCAR DOIDINHA, VAI ROMPER PADRÕES, ABALAR ESTRUTURAS!!

Acho que essa minha viagem fora de órbita (fiquei tão out da vida que me isolei do mundo, não foi só do blog) foi exatamente para me fazer aceitar as coisas como elas são (parafraseando Arnaldo Antunes), porque as mudanças me causam medo, me apavoram legal e eu estava, desculpem o termo, "me cagando de medo" do impacto dessa mudança na minha vida!! Poxa, estava tudo tão bom, tão certinho, tão adaptada e de repente, Vrummm (barulho de vento passando), muda tudo.

Mas é isso ai, quem manda ser esta leonina intensa, agora aguenta flor!!

Bom, vou ficando por aqui, já desabafei de mais e vcs nem devem estar entendendo mais nada. O importante é que eu e o barrigão estamos de volta, e é só emoção!! hehe