domingo, 29 de novembro de 2009

Merce uma explicaçãozinha, né?!

Queridas,

Depois do último post eu sabia que ia ter muito que me explicar.... Esses assuntos que envolvem a sexualidade humana, em geral, são tão confusos e eu, uma mãe e escritora de primeira viagem, posso ter me enrolado um pouco na hora de colocar minha idéia.

Primeiro eu gostaria de deixar bem claro que não acredito em determinismo. Não acho, de modo algum que todas as mulheres que passaram por uma cesárea ficam frustradas, feridas (afora a cicatriz, certo?!), tristes ou o que for.

Segundo, meu post se dirigia àquelas que ficaram feridas!!! Àquelas que sentiram frustração pelo não-parto, porque elas existem!!! Mesmo numa cesárea suuuuuper bem indicada pode haver um sofrimento residual, daquilo que não foi. Sim, o bebê está bem, chegou lindo, a equipe foi super atenciosa, carinhosa, mas..... Não era assim que ela imaginava.

Terceiro, as mulheres que passaram por partos vaginais também podem se sentir frustradas, decepcionadas e etc. Não é um "privilégio" das que passam pela cesárea. Imagina uma episio que você não queria, uma manobra de Kristeler, um médico suuuuper amigo falando :" Tá doendo?? Mas na hora de fazer não doeu, ?!" (com aquele risinho de galã de propaganda de dentadura).

Eu queria falar para as mulheres que não desejaram suas cesáreas, que sofrem elas até hoje, que se sentiram roubadas, enganadas ou até deformada, isso mesmo, tem médico que culpa a bacia da mulher, a sua altura, seu peso, sua alimentação, seu signo.......Para essas mulheres eu gostaria de falar: Chorem sim!!!!!! Mas não paralisem!!!!! Pense, reflita, mude o que precisar mudar, mas não paralisem jamais!!!!

Acho que na nossa contemporâneidade os sentimentos que são julgados como negativos, são estigmatizados, bloqueados e engolidos. Mas a gente se engana quando acha que depois de engolidos eles são digeridos!!!! Nada..... Eles ficam lá, encaroçando nossa vida, nossas relações.

Minha intenção é estimular a todas nós (não só as "cesáreadas", mas aqui eu falava delas) a nos questionarmos, refletir sobre nossas vivências, cutucarmos nossas feridas, a fim de conhecê-las e não aumentá-las, ok?!

Bom, é isso.... Espero que me entendam....

Gabi

ps. Parabéns para minha grande amiga que espera ansiosamente (como toda grávida) sua fofa Alice!!! Uma bela mamiferazinha que se mostrou na ultra toda agarrada às entranhas da mãe, passional, não?! hehe

ps2.Parabéns também à minha nova amiga, que espera um(a) pequeno(a) BUDA, que de tanto escutar da mamãe que seja calminho é capaz de entrar no mosteiro assim que parar de mamar! rsrs

ps3. Parabéns à mamãe do fofo Noah, que agora será mãe pela segunda vez e espera que seu lindo bebê venha cheio de saúde, mas não ficará nada triste que seja uma menininha, ok?!

ps4. Parabéns também à mãe do Matheus, que espera o segundinho, que segundo o primogênito, deveria se chamar Ostrogildo, ou qualquer outro nome que deixe bem claro que ele é o segundo e ponto!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

"(...) é só uma via de nascimento, oras (...)"

Como alguns já sabem, minha paixão pela gestação, parto e cuidados com os filhos tem sido o fio condutor de minha formação profissional.

No último feriado fiquei imersa num Encontro (19º Encontro Nacional de Gestação e Parto Natural Conscientes), que me deixou cada vez mais maravilhada com o tema.

Saindo do encontro fui visitar a avó da Malu e colocamos a conversa em dia. Papo vai, papo vem, começamos a discutir sobre partos e cesarianas, em um dado momento começamos a debater sobre as mães que se sentem frustradas após uma cesárea.

Em sua visão é um absurdo uma mulher se fixar na forma do parto, que o parto é só uma via de nascimento e ponto. O que importa é a chegada do filho, o resto é lucro ( ou não , ?!).

E é ai onde eu quero chegar. NÃO!!!! Parto não é só uma via de nascimento. Não posso concordar com uma visão simplista e tecnocrata destas. Não estou aqui para entrar no mérito de melhor ou pior, de menos ou mais mãe (até porque isso não existe!!), mas sim para defender o parto como um acontecimento da vida sexual feminina!

Acredito que estamos cada vez mais nos afastando da expressão de nossa feminilidade, do que nos faz mulher, e das experiências maravilhosas que giram em torno do feminino. Tentamos conter nossas emoções para parecermos fortes, como se elas nos enfraquecessem, buscamos compensar a falta de tempo para nossos filhos com presentes...

Para mim, o parto é o orgasmo último da gravidez! O clímax de um acontecimento que nunca mais vai se repetir! E nesse sentido eu consigo entender a frustração que uma cesárea (eletiva ou não) pode gerar.

Imagina se apaixonar, mas não poder beijar?! Ficar , mas não namorar?! Transar, mas não gozar?! Assim também me parece ser o caso de gestar, mas não parir.

Há tempos a expressão da sexualidade feminina vem sendo sufocada, a menstruação muitas vezes é tida como uma vergonha, algo que não se fala, não se comenta e, de preferência, não se sente. O orgasmo feminino ainda é tabu e muitas mulheres ainda acreditam que ter vida sexual é ser objeto de desejo do outro. Nesse sentido o parto também vem sendo deslocado de seu lugar na vida sexual da mulher. Ele vem sendo tratado como um acontecimento familiar, algo do âmbito médico e que tem como função a chegada do filho.

Mas o parto pode ser mais do que isso. O Parto é um evento da vida sexual feminina! Quem já viu uma mulher parir sabe do cheiro de suor, dos gemidos, dos odores, das sensações corporais e do êxtase da expulsão. Não há dúvidas de que é uma viagem íntima, cercada de prazer e de dor, tal qual todas as outras experiências sexuais.

Viver todas as potencialidades da vida sexual inclui parir! Mas ok, nem tudo sai como poderia, ou gostaríamos que fosse.....E aqui fica minha total compreensão e apoio àquelas mulheres que sofrem até hoje suas cesáreas (sejam elas necessárias ou não). Sim, uma cesárea é uma marca profunda na vivência do feminino, mas existe luz no fim do túnel! Somos seres dotados de racionalidade e com muito trabalho podemos transformar nossas chagas em potencialidades.

De lagarta à Borboleta.

Bjs, Gabi

segunda-feira, 9 de novembro de 2009


Porque essa foto me inspirou........

Gabi

Feminina

Joyce

- Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
- Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.
- Então me ilumina, me diz como é que termina?
- Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

Costura o fio da vida só pra poder cortar
Depois se larga no mundo pra nunca mais voltar

- Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
- Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.
- Então me ilumina, me diz como é que termina?
- Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

Prepara e bota na mesa com todo o paladar
Depois, acende outro fogo, deixa tudo queimar

- Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
- Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.
- Então me ilumina, me diz como é que termina?
- Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

E esse mistério estará sempre lá
Feminina menina no mesmo lugar

sábado, 3 de outubro de 2009

De princesas, rainhas e bruxas más ...


Hoje sentamos para "tentar" lermos juntas o livro da Bela Adormecida pela 57º vez(rs).

Malu AMA seus livrinhos, também ama as nossas revistas e qualquer coisa que tenha páginas para folhear e figuras para ler. Acho lindo esse seu interesse pelas histórinhas, o jeitinho como carrega o livrinho (que deixa seu caminhar, ainda incerto, mais cambaleante ainda) e senta no meu colo para lermos juntas.

E não é que hoje eu me senti apreendendo uma nova mensagem dessas histórias? Talves seja efeito da minha última e atual crise na maternagem, mas ainda estou maravilhada o suficiente para dividir com vocês minha nova descoberta como mãe!

Bom, vou jogar a bomba logo.............. Sim, a Rainha e a Bruxa Má são a mesma pessoa!!!!! Isso ai, você não leu errado, elas SÃO a MESMA pessoa.

Eu também levei esse baque!

No fundo eram apenas mães, assim como eu e você, que tinham essa mesma dificuldade que eu de aceitar esses sentimentos "negativos" em relação aos nossos príncipes e princesas.... Claro, que mãe não se apaixona loucamente por aquele bebê lindo e rosado, puro e risonho sedento do nosso amor?

Mas quem nunca teve raiva do filho que atire a primeira pedra! Putz, sentimento louco esse de mãe, ?! Que amor forte é esse, capaz de passar da raiva para o amor e vice versa em um piscar de olhos!

Não saberia contar o número de vezes em que abri o meu maior sorriso de satisfação às 03:00 da madrugada ao ser acordada por aquele serzinho lindo que queria se aconchegar comigo e mamar gostoso.... Até meu coração se derrete de amor....

Mas também não saberia contar o número de vezes que o meu sangue ferveu porquê a Malu não queria saber de comer e me fazia entrar em contato com minha raiva, meu descontrole, com toda a variedade de sentimentos que eu tanto desprezo, mas que são meus e , naquela hora, estavam direcionados para aquela a quem eu mais amo.

Mas o fato é que eles existem! Cada sentimento de raiva, desespero, irritação... todos eles fazem parte da maternagem, não dá para fugir ( e olha que eu tentei, e como!). É difícil aceitar que a minha relação com a Malu é uma relação humana como outra qualquer, mas com mais PAIXÃO ainda, e que isso significa mais atritos também, e disso não posso fugir.

Na verdade acho que a Branca de Neve era só uma garotinha que não gostava de comer, daquelas que SÓ comem maçã e acabou, sabem?

Que mãe não ficaria louca e não teria vontade de envenenar as maçãs, uma a uma, para ver se ela não acabava com essa frescura e comia comida de verdade? Afinal, aquela brancura só podia ser anêmia, não é mesmo?! hehe

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Todinho para você!



Foi mais ou menos assim: Eu já estava lá e ela chegou. Atrasada. Na maior cara dura disse que dormiu e que isso explicava a 1 hora de atraso. Pronto.

Assim como eu, ela estava vivendo as maravilhas e os tormentos de gestar o primeiro filho. Acabamos virando as duas metades da laranja, ou seria da MELANCIA?!

Ela estava uma semana na minha frente e passamos a trocar informações e confidências, aquelas bem típicas de grávidas. Debatíamos sobre parto, dores, azias e contrações... ah as contrações...

De um lado muitas, do outro o anseio.

A maternidade nos uniu e passávamos horas a fio debatendo sobre a gravidez (muitas vezes a maldizendo, é verdade...). Cada assunto mais louco do que outro. E íamos assim, semana à semana, até que a fatídica 37ª semana chegou para ela. Havia sido dada a largada, a partir de agora a contagem regressiva para o parto começava. E depois dela veio a minha 37ª semana e a cada dia vinha a dúvida, será que ela já pariu? Nada, lá estávamos nós na internet, nada de parto, bebê cheirando a novo, nada.

E ai a Malu chegou. Mais rápido do que eu imaginava, que delícia de bebê novinho, parto maravilhoso, tudo ok. Agora faltava ela e ai começam as minhas suposições.

Junto com um monte de coisas veio a ansiedade, inerente à vida de mãe. E com a ansiedade veio o pedido de indução, horas a fio na maternidade. Uma cesárea e um apgar 6.

Não, ela não sonhou com isso. Aconteceu, foi um somatório de fatores. E por último ficou uma marca, que ela mesma "inventou" e que hoje a deixa com uma pulga atrás da orelha: Será que meu útero não é reativo, será que ele não "sabe" funcionar?! Medo.....

Aqui nos diferenciamos, não pelo fato de eu ter tido um parto normal e ela uma cesárea, mas porque eu SEI que o útero dela funciona!!!! Tenho certeza que ele é reativo!!!!

E outros filhos virão. Agora a nossa ansiedade vai ser menor (assim esperamos). Agora ela tem uma casa do jeitinho dela, uma família LINDA e unida para aconchegá-la, uma rede de apoio bem maior e a chance de fazer diferente.

Agora ela vai ter o parto dos seus sonhos e eu estou aqui para ajudá-la no que precisar, porque ela pode até ter dúvidas, mas EU acredito NELA!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Gravidez, a hora de ser feliz!!

Bom, se você ainda está precisando de uma desculpa para seguir o caminho da felicidade aqui vai uma das boas!!

Imagine a cena: Você está ali, com aquelas duas LINDAS listrinhas na mão. Positivo. Dentro de você começam a surgir inúmeras emoções e é mesmo provável que já esteja sentindo as alterações hormonais em forma de enjôos, salivações e cólicas. Mas se concentre mais, lá no fundo, no ventre materno pulsa uma sementinha, minúscula e brilhante. A todo vapor ela cresce, se multiplica numa velocidade tal que nunca mais vai se repetir.

E então vocês começam a funcionar como uma equipe. Tudo que acontece com você passa a ser compartilhado com a sementinha, o que você come, sente, tudo mesmo. E ai vem o segredo, que de segredo não tem nada, ou não deveria ter...

Talvez não exista momento mais marcante para um ser humano do que esses momentos primordiais, o iniciozinho da vida. Aqui, neste momento, talvez esteja a explicação de muitas coisas...

E lá naquela sementinha piscando começa a se desenvolver o órgão considerado mais importante, o que mais tarde chamaremos de cérebro, e para isso é preciso, dentre outras coisas, de Ácidos Graxos, aqueles famosos Ómega3, Ómega6, Ómega9... que tanto se fala por ai.

Sardinha, Quinoa, Azeite extra virgem...Dá-lhe ácidos graxos para dentro, muitos são os alimentos que contém essa substância tão rica, material tão importante na construção do cérebro deste serzinho abençoado que cresce no nosso ventre.

E então a felicidade entra no jogo. Quando estamos felizes, além de encararmos a vida com mais leveza, tendemos a manter o nível do estresse sob controle e assim evitamos um dos grandes vilões dos ácidos graxos, o Cortisol. Cortisol é um hormônio liberado pelas glândulas supra-renais quando enfrentamos situações de estresse. Quando liberado na circulação ele atrapalha a absorção dos ácidos graxos, tão essenciais para a mãe e para o feto.

Calma, não precisa sair por ai se desesperando! A Placenta, maravilhosa como só ela, é capaz de neutralizar uma boa quantidade do cortisol, garantindo ao feto "alimento" suficiente para dar andamento à construção do cérebro. Sabia como é, a natureza já previa que uma pequena quantidade de estresse faria parte da nossa vida e criou um mecanismo para neutralizar a ação maléfica do estresse no desenvolvimento do bebê.

Mas abram passagem para a vida moderna! A mãe, feliz da vida com seu exame positivo e sua brilhante sementinha precisa seguir a vida. Chega no trabalho e, depois da sequência de parabéns e vivas pela gravidez ,é lembrada elegantemente pelo chefe que gravidez não é doença e que aquele relatório precisa ser terminado hoje, mesmo que você ainda não tenha conseguido ingerir um só grama de alimento e já sejam duas horas da tarde.

Você se lembra também que ainda precisa passar no banco para pagar "aquela" conta e vai ter que encarar uma fila imensa! Você então olha para a fila preferêncial e resolve usufruir dos seus direitos como gestante pela primeira vez. E começam os questionamentos e olhares enviesados...Grávida, sei.... Hupf!! Mais um estresse para a conta do dia.

Mas não acaba por ai, você ainda está preocupada se o seu médico vai saber respeitar o SEU momento, na nossa realidade corre um grande risco de ser assombrada com um "n" números de exames desnecessários, algumas broncas severas sobre o ganho ou a perda de peso, uma enxurrada de preocupações com os seus níveis de açúcar e pressão arterial, uma má interpretação do seu nível de ferro... E ai o estrago está feito!

Aquela gravidez linda e sonhada se torna uma tortura! Tudo é arriscado e ameaçador!!!

A cobrança sobre a sua produtividade continua alta, muitas vezes alcançado até mesmo à família, que continua cobrando a janta na hora e as roupas lavadas.

E o pré-natal, que tortura!!! A alegria em escutar o coraçãozinho batendo aos poucos é substituída pelo medo de tudo. Você começa a fazer mil exames para saber se cada minúscula parte do corpo do seu filho está se desenvolvendo "corretamente", tascam uma buzina na sua barriga para avaliar se o bebê está respondendo bem, a cada ultra você recebe a notícia que a cabeça do seu bebê parece BEM grande e que talvez você não tenha passagem, talvez também você tenha uma circular de cordão, que torna tudo mais "arriscado" ainda. Pode ser também que avaliem o seu líquido como POUCO, assim mesmo, sem nenhum índice acompanhando e que é melhor que seu filho nasça antes da hora do que depois...

Seu ganho de peso também pode ter passado do ideal da tabelinha e o seu médico pode ter te assombrado com o risco da diabetes ou pré-eclampsa se você engordar mais 1 grama. Talvez também tenha dito que você está com um pouco de arritmia cardíaca e deveria buscar um cardiologista com urgência...

Considerando que a maioria das alterações ditas são comuns de ocorrerem em gestações saudáveis, o efeito negativo está feito.

Você sai da consulta, do emprego, de casa... arrasada, estressada, cansada...A gravidez tão idealizada e desejada vira um sofrimento e você já conta os dias para ela chegar ao fim!!! Os seus níveis de cortisol atingiram picos nunca vistos!! Claro que a placenta já está exausta e não dá mais conta de neutralizar tanto estresse! E quem sofre junto? Sua sementinha!!

Aquela sementinha brilhante, que se desenvolvia de vento em polpa começa a lentificar o desenvolvimento. O ganho de peso já não é mais lá aquelas coisas...e principalmente o desenvolvimento cerebral...

Com o cortisol nas alturas a quantidades de ácidos graxos que o bebê absorve começa a diminuir, o neocortex (responsável pelo nosso lado racional, pela previsão de futuro referente às nossas ações e etc.) que nos diferencia dos animais e é a última parte a ser formada do nosso cérebro fica em desvantagem. Além disso nossa sementinha passa a aprender a viver com altos níveis de cortisol, o que pode levá-la a, no futuro, ser uma "dependente" do estresse.

E ai temos o retrato da atualidade! Estresse, violência, rotinas reproduzidas sem pensar... E aonde nós estamos nisso??? Qual o nosso papel nisso tudo??

Agora eu entendo quando Michel Odent diz que para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer. Encarar a concepção, gestação e o parto como parte da natureza humana, da expressão de um organismo saudável é um caminho para a felicidade.

A informação é a alma do negócio!! Pesquise, se informe, busque a felicidade!!! Sua saúde e a do seu filho agradecem!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O Parto ou seria O dia que nascemos?!


Mas mãe, como foi que eu cheguei aqui???

Quem não tem a curiosidade de saber como nasceu??? Eu sempre tive, e muita. Quando pequena tive uma amiga que havia nascido de parto de cócoras, como eu achava aquilo o máximo!! No auge dos meus seis aninhos já havia decidido: Ia parir meus filhos!! E ia ser assim!!

E agora aqui estou eu, contando mais uma vez, cheia de orgulho e amor, como foi o dia que minha princesinha chegou. Espero contar ainda mais vezes para ela, porque valorizar o nosso nascimento é valorizar a vida e como ela pode ser vivida da forma mais natural possível. Pois afinal, parir em casa é retomar o que há de fisiológico do parto, é não só acreditar, mas saber que o nosso organismo (mentecorpo) pode trabalhar integralmente num só objetivo.

E se deixar vivenciar isso tudo, além de saudável, é a MAIOR VIAGEM!!!!!!!!


Durante toda minha gestação li muitos relatos de parto, buscava neles a idéia de que parir, no sentido real da palavra, era natural, emocionante e possível. Chorei tantas e tantas vezes com a emoção do que descreviam e sonhava com a minha hora, o ápice da minha gravidez.

Agora estou aqui, escrevendo meu tão sonhado relato de Parto Domiciliar e já cheia de emoção por ter conquistado mais essa vitória.

A idéia de parir em casa já estava presente em mim muito antes da gestação, mas com ela vinha o medo do desconhecido e eu pensava : “No segundo filho eu me aventuro... deixa eu ver como é parir para depois avaliar se consigo encarar parir em casa...”. Sendo assim acabei buscando acompanhamento com um médico obstetra conhecido da família e resolvi buscar apenas um parto normal humanizado (Aff, odeio essa expressão, parir é humano deixem-nos livres para parir que o parto já será humanizado, enfim...). Quando eu cheguei por volta da 14 semana resolvi encarar o médico e questioná-lo sobre como ele lidava com o parto. Qual não foi minha surpresa quando ele me disse que tava muito cedo para falarmos sobre isso, que só com 34 semanas é que ele falaria sobre parto comigo. Bati o pé e acabei escutando que eu era uma urbanóide e que não conseguiria parir sem anestesia, como estava nos meus planos. Resultado: Saí de lá e nunca mais voltei. Foi a grande chance que eu tive para ir em direção do parto domiciliar, afinal teria que buscar outra pessoa para me assistir durante a gestação e o parto, sem contar também que me senti mais instigada a parir depois de ter sido ridicularizada pelo médico.

Foi então que entrou na minha vida um anjo chamado Heloisa Lessa! Busquei contato com ela, fomos na primeira consulta e foi paixão à primeira vista. Nunca me senti tão segura com alguém em toda minha vida, os momentos de pré-natal foram muito especiais e tenho certeza que contribuíram muito para a gestação seguir sem problema algum até o final. A paixão com que ela leva o seu trabalho nos emocionou e em pouco tempo eu e meu marido já havíamos comprado a idéia do parto em casa repletos de segurança. Agora nós quatro ( Eu, Daniel, Malu e Helô) estávamos no mesmo barco, remávamos juntos na mesma direção e como foi lindo sentir isso...

Claro que a família ficou um pouco cabreira, mas estávamos tão seguros que nada abalava nossa convicção de parir em casa.

Junto com o crescimento da Malu, crescia nossa curiosidade pelo parto, pelos cuidados com o bebê e com este momento tão especial que estava por vir. Através da Helô acabamos por conhecer o Michel Odent , outro anjo que ajudou muito a compreendermos esse momento fisiológico que chamamos de parto e a abraçar mais ainda o parto em casa.

Vibramos de alegria ao chegar à 37 semana, agora podíamos parir em casa e Maluzinha estava a caminho. Nessa semana minhas dores na bacia e no osso púbico começaram a aumentar muito, eu peguei um Rotavírus (daqueles que causam diarréia e vômito) e acabamos tendo um falso trabalho de parto de 12 horas!!! Nossa que semana, me senti frustrada pelo falso trabalho de parto, estava exausta por causa do rotavírus e com muitas dores na bacia. Acabei entrando numa paranóia de que não ia dar conta do trabalho de parto, de que ia me frustrar e acabar numa cesárea, me enchi de medos e acabei vendo que eles estavam todos aqui, mas que eu, por puro orgulho, tentava dar conta deles sozinha, dava uma de forte e engolia os medos até que, numa noite, foram os medos que me engoliram...

Graças a Deus tenho um marido que me ajudou a dar conta de alguns medos, sempre confiando na minha capacidade, me acalmando e dando muito amor para que eu passasse por esta turbulência emocional. Mas tinha também a minha terapeuta, minha família e a Helo. Nesses dias corri para a casa do meu pai e pedi muito colo a todos eles. No sábado, dia 18/10 a Helô veio nos ver em casa e como de custume nosso encontro me acalmou muito, estava entrando nos eixos de novo. Ela me indicou uma massagista para as dores na bacia e no sábado mesmo fui ao encontro dela. A massagem foi maravilhosa, super relaxante e no domingo eu já estava bem melhor.

Na segunda-feira, dia 20/10 acordei algumas vezes de madrugada com cólicas fortes (que já estavam aparecendo há alguns dias), mas nada que me alarmasse. Quando Daniel acordou para se arrumar para o trabalho eu me levantei, nesse dia ele havia dormido um pouco a mais e já eram quase 09:00 quando ele saiu. Resolvi começar a ler um livro que estava comigo a algum tempo, durante a leitura sentia algumas cólicas com contração que me faziam parar de ler, mas eram bem espaçadas e eu voltava para o livro assim que elas iam embora. Nesse dia resolvi não sair do quarto desde que acordei, fiquei lá na cama lendo, curtindo o livro até que senti uma quantidade um pouco maior de secreção saíndo, molhou um pouco a cama e resolvi ligar para o Dani. Avisei o que estava sentindo, mas que não achava que era nada, só para ele ficar avisado. Nisso já deviam ser quase 11:00 da manhã e as cólicas começaram a aumentar bem, fui fazer xixi e saiu o tampão mucoso com sangue. Nesse momento me liguei, caiu a ficha de que podia estar em trabalho de parto. Resolvi tomar um banho quente para ver se as cólicas diminuíam, se não diminuíssem era trabalho de parto mesmo.

Entrei no chuveiro e quase imediatamente minhas contrações aumentaram de itensidade, tomei o banho todo agachada no chão, não conseguia ficar em pé no box, só de cócoras ou de quatro. A dor foi ficando tão forte que eu comecei a gemer em cada contração, nessa hora sabia que tinha que ligar para a Helô, mas não conseguia sair do chuveiro de tanta dor nas contrações. Depois de mais de uma hora no banho tomei coragem e levantei, fui agachando até o quarto e alcancei o celular. Estava só eu e a empregada em casa e ela começou a ficar assustada, toda vez que entrava no quarto eu estava de quatro no chão gemendo. Liguei para Helô, ela me pediu para marcar as contrações por meia hora e depois ela ligaria de volta. Quinze minutos depois eu liguei de volta, as contrações estavam de 3 em 3 minutos e a dor era muita, não dava para esperar meia hora para ligar. Ela falou que estava a caminho, eu não queria ligar para o Daniel, tinha medo dele sair do trabalho e ser alarme falso, mas a coisa começou a apertar e eu resolvi ligar.
Graças a Deus minha empregada estava em casa porquê quando a Helô chegou eu não tinha condições de levantar para atender o interfone, menos ainda de abrir a porta, nesse momento eu só conseguia ficar de quatro na contração e relaxar quando ela ia embora. Que alívio quando a Helô chegou, ela já entrou toda feliz, me abraçando e beijando, falando que Malu estava chegando já já. Logo em seguida o Daniel chegou, já passavam de 13:30 e a coisa estava apertando. O que me aliviava eram as bolsas de água quente , as dores pareciam cólicas menstruais que circulavam meu baixo ventre, as contrações eram tão seguidas que só dava para gemer, tinha dificuldade até em mudar de posição.

Num dado momento a Helô sugeriu que eu subisse na cama, estava no chão desde o início, com algum esforço subi e fiquei de quatro apoiada em travesseiros. Eu já estava em outro mundo, não tinha a menor noção de tempo, não conseguia abrir os olhos, não via mais ninguém, só me entregava ás contrações e me largava nos intervalos para descansar. De repente veio uma contração muito forte e senti um tranco e lá se foi a bolsa, nem me lembrava que ela não havia estourado ainda, foi uma aguaceira sem fim, uma delícia sentir aquele tanto de água quente escorrendo, parecia um mar saíndo de mim, relaxei bem. Logo em seguida a dor apertou, comecei a sentir muita dor na coluna, nas costas mesmo e nesse momento tive medo pela primeira vez. Meu marido veio para perto e segurava minha mão nas contrações e eu comecei a falar que estava com medo, muito medo. A Helô me pedia para não me prender na dor, pensar que Malu estava chegando, mas tava cada vez mais difícil. Mesmo com muita dor em nenhum momento quis desistir (como se fosse possível hehe), sabia que era um processo, que a dor ia passar, mas quando ela vinha eu tinha medo. No auge do medo e da dor a Helô começou a cantar um hino de igreja que falava sobre os mistérios da criação, da importância do momento da encarnação. Foi o momento mais lindo do meu parto, aquele hino ia me acalmando e aos poucos eu ia entrando no expulsivo, e fui entrando numa atmosfera de calma que só os anjos conseguem produzir.

Logo comecei a sentir a vontade de fazer força, sentia ela crescendo dentro de mim até um momento em que era inevitável empurrar. Estava dificil achar uma posição, tentei inicialmente de quatro, mas sentia que faltava apoio, a Helô sugeriu deitar e ela apoiava meus pés nos seus ombros, foi melhor, mas mesmo assim estava difícil. Quando ela sugriu o banco de cócoras eu aceitei de pronto, levantei quase que de um pulo, senti que precisava por os pés no chão, em todos os sentidos da expressão, era hora de parir minha filha, colocá-la para fora, para o mundo. Apartir dali ela não seria mais minha, seria do mundo e eu precisava ajudá-la a sair e isso me deixava assustada, mas me enchia de coragem quando vinha a vontade de fazer força. Quando eu sentia, firmava bem os pés e fazia muita força para ela sair. Continuava de olhos fechados, mas sentia a Helô e o Dani bem perto de mim, me incentivando a trazer nossa princesinha para o mundo. De repente consegui empurrar e a cabecinha dela saiu pela metade, nisso a Helo falou bem baixinho que mais um empurrão e ela nasceria. Quando veio a vontade me enchi de coragem e dei tudo de mim, a pequena saiu quase que de uma vez só, uma delícia sentir o corpinho escorregando e o alivio da pressão. Me joguei no Daniel, logo a Helô me entregou a pequena, que deu um chorinho e parou, ficou no colinho, com toalhas aquecidas e olhando para mim, que coisa mais fofa.

Deitei na cama e curti meus primeiros momentos com minha filha enquanto fazia uma “força comprida” para expulsar a placenta, que saiu rápido. Levei 3 pontinhos , na pele ainda, não alcançou nem a mucosa e, acredite quem quiser, tive muito medo dos três pontinhos!!! Haha
Depois foi só curtição, Malu mamou assim que nasceu e ficou comigo direto, Dani e Helô deram o primeiro banho e logo depois a mocinha mamou mais ainda.

Por incrível que pareça toda essa experiência aconteceu no tempo de 4 horas, uma loucura de vivência essa coisa incrível que é Parir, assim mesmo, com P maiúsculo, porquê assim foi o meu parto, um PARTAÇO como diria a Helô.

Não tenho palavras para agradecer o que eu vivi, sei o quanto muitas pessoas torceram e acreditaram em mim, o que me deu forças para realizar esse grande sonho. Sei também que muitos torceram o nariz e, no fundo, não acreditavam que eu seria capaz, para estes a realidade do que aconteceu já basta.

Sei também que isso tudo só foi possível porque um dia um francês resolveu meter as caras e estudar o parto e não só isso, resolveu mostrar ao mundo seus estudos. Alguns ainda tem dificuldade de compreender a dimensão do parto e o chamam de radical, outros como eu preferem chamá-lo de Michel Odent, um cara corajoso e que, de certa, forma possibilitou a essa mulher aqui viver a experiência mais incrível de sua vida.

Sei que o relato ficou gigante, busquei detalhar minha experiência e me estendi muito, mas o principal para mim é que meu relato ajude a encorajar as outras mulheres a descobrirem a beleza que é Parir, sem mitos, mas com dor, medo, alegria e realização. Todos os sentimentos misturados, pois a vida é assim, não?!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

AMAmentaR ou Por que eu amamento?

Outro dia, fazendo minha social de todas as manhãs na pracinha, me aproximei de uma recém-mãe e sua bebê de 1 mês. Falávamos daqueles assuntos básicos que tanto preenchem nossos dias (bebês, choro, sonecas, banhos...) até que o assunto amamentação veio à tona.

Ela me falava que há algum tempo estava complementando a amamentação com leite artificial, contou o quanto chorou com isso, mas que no final estava até feliz pois agora sua filha já não chorava tanto, suas mamadas eram mais regulares, o intervalo entre cada mamada havia aumentado e a bebê já não dependia mais tanto dela.

Não resisti e acabei indicando a ela as reuniões do Amigas do Peito que aconteciam pertinho da casa dela, falei que já tinha buscado ajuda com eles e como havia sido bem acolhida e que bebês choram mesmo, que cansam e não são mesmo nada previsíveis. Mas uma questão ficou pulsando na minha cabeça, afinal porque amamentamos, ou melhor, porque EU amamento?

Claro, claro, conheço de “cor e salteado”, como diria minha avó, todos os benefícios da amamentação e não estou aqui para defender o desmame de modo algum. Amamentar além de ser uma forma de nutrir nossos filhos com um alimento feito na medida certa para eles, é a melhor das vacinas e é parte importântíssima na formação do vínculo mãe e filho. Mas sejamos honestos, mesmo sabendo o quanto é importante uma alimentação balanceada, uma vida tranquila e a prática regular de exercícios, basta nos deparamos com um domingo chuvoso que tudo vai por água a baixo (literalmente). Então ficou a questão, por que EU amamento? O que me faz acordar todas as madrugadas, suportar o cansaço, a dor nas costas, a sede, a baixa de imunidade que me atacou, a super dependência da Malu...

E então a resposta veio. Ela veio na forma da Malu “fuçar” o meu peito na hora de dormir, no jeitinho especial que ela procura minha mão quando eu a amamento, no barulinho bom que ela faz quando mama com vontade, no olhinho cheio de ternura que revira conforme o soninho chega, no leitinho que escorre daquela boquinha linda conforme o sono vai tomando conta, no sorriso semi-banquelo que ela dá logo antes de soltar o peito, na sensação boa que sinto quando ela suga o meu peito e, principalmente, na paz daquele momentinho que é só nosso, daquele olhar que é só para mim. Nossa, é tanta sensação boa que as vezes fico na dúvida se é ela que mama em mim ou se sou eu que mamo nela...

Claro que como tudo na vida temos nossos altos e baixos, mas lembrando da conversa com aquela mãe na pracinha só posso agradecer o apoio que tenho para amamentar minha filha e dizer: Vale a pena!

E para você, como é amamentar?

Chegou a minha vez ou A mãe sou eu.

E de repente o tempo parou. Para dizer a verdade acho que tudo parou, também quem não pararia para assistir o que acontecia no meu quarto naquela tarde ensolarada de uma segunda-feira, que já não seria mais uma como outra qualquer. Já não havia dor, não havia pressão, não havia cansaço, e eu relaxei, ou melhor, me joguei na sensação de bem-estar que me inundava.

Como quem não conhece regras ela rompeu o silêncio. Era a coisa mais linda e rosa que eu já vi na vida! Ainda ligada a mim veio para o meu colo e deu a primeira mamada. Me olhava com um só olho aberto e como uma boa mamífera se recolheu ao meu colo e dormiu. E foi ali, naquele lençol de joaninhas, que passamos nossas primeiras hora juntas.

E então eu me tornei mãe! Claro, claro, já era mãe dela por 38 semanas, mas as gestantes que me perdôem , para mim a ficha só caiu mesmo no dia 20 de Outubro de 2008. Aquela mãe que existia em mim antes mesmo de engravidar, que sabia tanto e tinha tantas idéias sobre como criar um filho aproveitou o parto e fugiu junto com a nossa placenta.

Assim como minha filha, me vi frágil e indefesa, estava agora com uma bebê no colo e muitas dúvidas. Li muito durante toda a gravidez, mas agora tudo me parecia tão incerto, tão duvidoso...Não fazia idéia do cansaço físico e mental que me aplacaria, da baixa imunidade, da dor no peito pela descida do leite, e de como minha vontade de fazer absolutamento tudo sozinha iria me consumir em três tempos.

E no meio dos altos e baixos, das dúvidas que me atacavam, da necessidade de estar ali, presente para ela de corpo e alma, eu fui me fortalecendo e a mãe que nasceu naquele tarde de Outubro começou a aparecer.

Aprendi que as dúvidas permanecem, as incertesas, os medos, continuam aqui e fazem parte dessa mãe que eu sou. Mas para mim, a característica principal que ficou foi a busca pelo nosso bem-estar, meu e da Malu. Não importam as regras, os pitacos e palpites, estes estão por todos os lados, o que vale mesmo é o que eu preciso, o que a Malu precisa. Se ela não vai tirar a soneca da tarde porque eu preciso sair, ir na rua, ver gente, ok! É um dia, uma soneca, e o bem-estar que vai me trazer vai me ajudar a estar melhor com ela quando voltarmos para casa. E o inversao também vale, se ela está cansada, irritada e quer dormir cedo, nada de novela, passeio ou filminho para a mamãe aqui. E assim vamos caminhando.

E para você, quando caiu a ficha da maternidade ?