domingo, 29 de novembro de 2009

Merce uma explicaçãozinha, né?!

Queridas,

Depois do último post eu sabia que ia ter muito que me explicar.... Esses assuntos que envolvem a sexualidade humana, em geral, são tão confusos e eu, uma mãe e escritora de primeira viagem, posso ter me enrolado um pouco na hora de colocar minha idéia.

Primeiro eu gostaria de deixar bem claro que não acredito em determinismo. Não acho, de modo algum que todas as mulheres que passaram por uma cesárea ficam frustradas, feridas (afora a cicatriz, certo?!), tristes ou o que for.

Segundo, meu post se dirigia àquelas que ficaram feridas!!! Àquelas que sentiram frustração pelo não-parto, porque elas existem!!! Mesmo numa cesárea suuuuuper bem indicada pode haver um sofrimento residual, daquilo que não foi. Sim, o bebê está bem, chegou lindo, a equipe foi super atenciosa, carinhosa, mas..... Não era assim que ela imaginava.

Terceiro, as mulheres que passaram por partos vaginais também podem se sentir frustradas, decepcionadas e etc. Não é um "privilégio" das que passam pela cesárea. Imagina uma episio que você não queria, uma manobra de Kristeler, um médico suuuuper amigo falando :" Tá doendo?? Mas na hora de fazer não doeu, ?!" (com aquele risinho de galã de propaganda de dentadura).

Eu queria falar para as mulheres que não desejaram suas cesáreas, que sofrem elas até hoje, que se sentiram roubadas, enganadas ou até deformada, isso mesmo, tem médico que culpa a bacia da mulher, a sua altura, seu peso, sua alimentação, seu signo.......Para essas mulheres eu gostaria de falar: Chorem sim!!!!!! Mas não paralisem!!!!! Pense, reflita, mude o que precisar mudar, mas não paralisem jamais!!!!

Acho que na nossa contemporâneidade os sentimentos que são julgados como negativos, são estigmatizados, bloqueados e engolidos. Mas a gente se engana quando acha que depois de engolidos eles são digeridos!!!! Nada..... Eles ficam lá, encaroçando nossa vida, nossas relações.

Minha intenção é estimular a todas nós (não só as "cesáreadas", mas aqui eu falava delas) a nos questionarmos, refletir sobre nossas vivências, cutucarmos nossas feridas, a fim de conhecê-las e não aumentá-las, ok?!

Bom, é isso.... Espero que me entendam....

Gabi

ps. Parabéns para minha grande amiga que espera ansiosamente (como toda grávida) sua fofa Alice!!! Uma bela mamiferazinha que se mostrou na ultra toda agarrada às entranhas da mãe, passional, não?! hehe

ps2.Parabéns também à minha nova amiga, que espera um(a) pequeno(a) BUDA, que de tanto escutar da mamãe que seja calminho é capaz de entrar no mosteiro assim que parar de mamar! rsrs

ps3. Parabéns à mamãe do fofo Noah, que agora será mãe pela segunda vez e espera que seu lindo bebê venha cheio de saúde, mas não ficará nada triste que seja uma menininha, ok?!

ps4. Parabéns também à mãe do Matheus, que espera o segundinho, que segundo o primogênito, deveria se chamar Ostrogildo, ou qualquer outro nome que deixe bem claro que ele é o segundo e ponto!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

"(...) é só uma via de nascimento, oras (...)"

Como alguns já sabem, minha paixão pela gestação, parto e cuidados com os filhos tem sido o fio condutor de minha formação profissional.

No último feriado fiquei imersa num Encontro (19º Encontro Nacional de Gestação e Parto Natural Conscientes), que me deixou cada vez mais maravilhada com o tema.

Saindo do encontro fui visitar a avó da Malu e colocamos a conversa em dia. Papo vai, papo vem, começamos a discutir sobre partos e cesarianas, em um dado momento começamos a debater sobre as mães que se sentem frustradas após uma cesárea.

Em sua visão é um absurdo uma mulher se fixar na forma do parto, que o parto é só uma via de nascimento e ponto. O que importa é a chegada do filho, o resto é lucro ( ou não , ?!).

E é ai onde eu quero chegar. NÃO!!!! Parto não é só uma via de nascimento. Não posso concordar com uma visão simplista e tecnocrata destas. Não estou aqui para entrar no mérito de melhor ou pior, de menos ou mais mãe (até porque isso não existe!!), mas sim para defender o parto como um acontecimento da vida sexual feminina!

Acredito que estamos cada vez mais nos afastando da expressão de nossa feminilidade, do que nos faz mulher, e das experiências maravilhosas que giram em torno do feminino. Tentamos conter nossas emoções para parecermos fortes, como se elas nos enfraquecessem, buscamos compensar a falta de tempo para nossos filhos com presentes...

Para mim, o parto é o orgasmo último da gravidez! O clímax de um acontecimento que nunca mais vai se repetir! E nesse sentido eu consigo entender a frustração que uma cesárea (eletiva ou não) pode gerar.

Imagina se apaixonar, mas não poder beijar?! Ficar , mas não namorar?! Transar, mas não gozar?! Assim também me parece ser o caso de gestar, mas não parir.

Há tempos a expressão da sexualidade feminina vem sendo sufocada, a menstruação muitas vezes é tida como uma vergonha, algo que não se fala, não se comenta e, de preferência, não se sente. O orgasmo feminino ainda é tabu e muitas mulheres ainda acreditam que ter vida sexual é ser objeto de desejo do outro. Nesse sentido o parto também vem sendo deslocado de seu lugar na vida sexual da mulher. Ele vem sendo tratado como um acontecimento familiar, algo do âmbito médico e que tem como função a chegada do filho.

Mas o parto pode ser mais do que isso. O Parto é um evento da vida sexual feminina! Quem já viu uma mulher parir sabe do cheiro de suor, dos gemidos, dos odores, das sensações corporais e do êxtase da expulsão. Não há dúvidas de que é uma viagem íntima, cercada de prazer e de dor, tal qual todas as outras experiências sexuais.

Viver todas as potencialidades da vida sexual inclui parir! Mas ok, nem tudo sai como poderia, ou gostaríamos que fosse.....E aqui fica minha total compreensão e apoio àquelas mulheres que sofrem até hoje suas cesáreas (sejam elas necessárias ou não). Sim, uma cesárea é uma marca profunda na vivência do feminino, mas existe luz no fim do túnel! Somos seres dotados de racionalidade e com muito trabalho podemos transformar nossas chagas em potencialidades.

De lagarta à Borboleta.

Bjs, Gabi

segunda-feira, 9 de novembro de 2009


Porque essa foto me inspirou........

Gabi

Feminina

Joyce

- Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
- Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.
- Então me ilumina, me diz como é que termina?
- Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

Costura o fio da vida só pra poder cortar
Depois se larga no mundo pra nunca mais voltar

- Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
- Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.
- Então me ilumina, me diz como é que termina?
- Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

Prepara e bota na mesa com todo o paladar
Depois, acende outro fogo, deixa tudo queimar

- Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
- Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.
- Então me ilumina, me diz como é que termina?
- Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

E esse mistério estará sempre lá
Feminina menina no mesmo lugar