sexta-feira, 22 de maio de 2009

AMAmentaR ou Por que eu amamento?

Outro dia, fazendo minha social de todas as manhãs na pracinha, me aproximei de uma recém-mãe e sua bebê de 1 mês. Falávamos daqueles assuntos básicos que tanto preenchem nossos dias (bebês, choro, sonecas, banhos...) até que o assunto amamentação veio à tona.

Ela me falava que há algum tempo estava complementando a amamentação com leite artificial, contou o quanto chorou com isso, mas que no final estava até feliz pois agora sua filha já não chorava tanto, suas mamadas eram mais regulares, o intervalo entre cada mamada havia aumentado e a bebê já não dependia mais tanto dela.

Não resisti e acabei indicando a ela as reuniões do Amigas do Peito que aconteciam pertinho da casa dela, falei que já tinha buscado ajuda com eles e como havia sido bem acolhida e que bebês choram mesmo, que cansam e não são mesmo nada previsíveis. Mas uma questão ficou pulsando na minha cabeça, afinal porque amamentamos, ou melhor, porque EU amamento?

Claro, claro, conheço de “cor e salteado”, como diria minha avó, todos os benefícios da amamentação e não estou aqui para defender o desmame de modo algum. Amamentar além de ser uma forma de nutrir nossos filhos com um alimento feito na medida certa para eles, é a melhor das vacinas e é parte importântíssima na formação do vínculo mãe e filho. Mas sejamos honestos, mesmo sabendo o quanto é importante uma alimentação balanceada, uma vida tranquila e a prática regular de exercícios, basta nos deparamos com um domingo chuvoso que tudo vai por água a baixo (literalmente). Então ficou a questão, por que EU amamento? O que me faz acordar todas as madrugadas, suportar o cansaço, a dor nas costas, a sede, a baixa de imunidade que me atacou, a super dependência da Malu...

E então a resposta veio. Ela veio na forma da Malu “fuçar” o meu peito na hora de dormir, no jeitinho especial que ela procura minha mão quando eu a amamento, no barulinho bom que ela faz quando mama com vontade, no olhinho cheio de ternura que revira conforme o soninho chega, no leitinho que escorre daquela boquinha linda conforme o sono vai tomando conta, no sorriso semi-banquelo que ela dá logo antes de soltar o peito, na sensação boa que sinto quando ela suga o meu peito e, principalmente, na paz daquele momentinho que é só nosso, daquele olhar que é só para mim. Nossa, é tanta sensação boa que as vezes fico na dúvida se é ela que mama em mim ou se sou eu que mamo nela...

Claro que como tudo na vida temos nossos altos e baixos, mas lembrando da conversa com aquela mãe na pracinha só posso agradecer o apoio que tenho para amamentar minha filha e dizer: Vale a pena!

E para você, como é amamentar?

Chegou a minha vez ou A mãe sou eu.

E de repente o tempo parou. Para dizer a verdade acho que tudo parou, também quem não pararia para assistir o que acontecia no meu quarto naquela tarde ensolarada de uma segunda-feira, que já não seria mais uma como outra qualquer. Já não havia dor, não havia pressão, não havia cansaço, e eu relaxei, ou melhor, me joguei na sensação de bem-estar que me inundava.

Como quem não conhece regras ela rompeu o silêncio. Era a coisa mais linda e rosa que eu já vi na vida! Ainda ligada a mim veio para o meu colo e deu a primeira mamada. Me olhava com um só olho aberto e como uma boa mamífera se recolheu ao meu colo e dormiu. E foi ali, naquele lençol de joaninhas, que passamos nossas primeiras hora juntas.

E então eu me tornei mãe! Claro, claro, já era mãe dela por 38 semanas, mas as gestantes que me perdôem , para mim a ficha só caiu mesmo no dia 20 de Outubro de 2008. Aquela mãe que existia em mim antes mesmo de engravidar, que sabia tanto e tinha tantas idéias sobre como criar um filho aproveitou o parto e fugiu junto com a nossa placenta.

Assim como minha filha, me vi frágil e indefesa, estava agora com uma bebê no colo e muitas dúvidas. Li muito durante toda a gravidez, mas agora tudo me parecia tão incerto, tão duvidoso...Não fazia idéia do cansaço físico e mental que me aplacaria, da baixa imunidade, da dor no peito pela descida do leite, e de como minha vontade de fazer absolutamento tudo sozinha iria me consumir em três tempos.

E no meio dos altos e baixos, das dúvidas que me atacavam, da necessidade de estar ali, presente para ela de corpo e alma, eu fui me fortalecendo e a mãe que nasceu naquele tarde de Outubro começou a aparecer.

Aprendi que as dúvidas permanecem, as incertesas, os medos, continuam aqui e fazem parte dessa mãe que eu sou. Mas para mim, a característica principal que ficou foi a busca pelo nosso bem-estar, meu e da Malu. Não importam as regras, os pitacos e palpites, estes estão por todos os lados, o que vale mesmo é o que eu preciso, o que a Malu precisa. Se ela não vai tirar a soneca da tarde porque eu preciso sair, ir na rua, ver gente, ok! É um dia, uma soneca, e o bem-estar que vai me trazer vai me ajudar a estar melhor com ela quando voltarmos para casa. E o inversao também vale, se ela está cansada, irritada e quer dormir cedo, nada de novela, passeio ou filminho para a mamãe aqui. E assim vamos caminhando.

E para você, quando caiu a ficha da maternidade ?