
Hoje Malu termina o seu primeiro ano letivo!!
Quanta história, quanta vivência, quanto crescimento!!!
Sempre pensei em colocar Malu na escola que ela estuda, lembro de barriguda ligar para a escola para saber com qual idade ela poderia ser matriculada. 1ano e 6 meses. Caramba, aquilo parecia uma eternidade.
(Só um parênteses, mãe de primeira viajem é muitooooo ansiosa, para que eu precisava ligar para a escola se ainda tava grávida??? Mas vai explicar isso para a buxuda aqui!!)
A verdade é que eu adorei estudar lá, meu irmão adorou estudar lá e eu queria poder proporcionar o mesmo para a Malu. Já meu marido, havia estudado a vida toda em escolas tradicionais e tinha detestado todas elas, então o jogo estava quase ganho, já que de tradicional a Oga Mitá não tem nada - ou será que podemos dizer que ela tem a tradição de ser diferente? ;P
Bastou uma visita e voilá, matrícula realizada e pai vestindo a camisa.
Malu parece ter uma sincronia bem sinistra comigo, foi ela perceber que eu amava a escola que Plin-* A adaptação foi moleza.
Mas e a nossa adaptação, cara pálida?? E não é que tivemos adaptação para os pais, calma, não era nada formal, mas aos poucos fomos criando lista de email, encontros de integração, passeios com a familia. E tudo foi incrível, a galera se desdobrava e se fazia presente, todo mundo aberto, assim como as crianças, para fazerem novos amigos.
Devo assumir que para mim foi um pouco dificil, sou meio tímida, mas como acho que pai que é pai tem que fazer valer o título, lá ia eu, desbravando o mundo de "pais-professoras-amiguinhos...", terra ainda desconhecida para a mãe de primeira viagem aqui!
E como foi tudo maravilhoso, como nos sentimos acolhidas, bem-vindas. Valeu cada reunião, cada aniversário, cada passeio, cada troca de email, cada vaquinha de presentes.
E para fechar o ano ainda tivemos um BIG presente. Fomos convidados para apresentar alguma atividade para as crianças da educação infantil!!! A proposta foi sendo aceita por cada pai, pouco a pouco íamos nos preparando, dividindo as tarefas, fazendo ensaios na escola.
Era engraçado quando conversáamos com alguém sobre o teatro do fim do ano da escola da Malu, todo mundo perguntava o que ela iria ser e então se surpreendiam com o fato dos atores serem nós, os pais!!
Vocês não tem idéia da animação que foi, vários ensaios, compra máscara, tira foto, repete tudo, toca de novo... Enfim, a galera toda suou a camisa, mergulhou fundo na proposta (estamos até agendando novos shows, brincadeirinha...).
Mas havia uma dificuldade, a apresentação seria em dia de semana e no horário escolar. Então além de ensaiar seu bicho a galera ainda ia ter que rebolar para organizar uma possível fugidinha para estar na hora do teatro.
Sabe o que foi incrível? Um por um foi conseguindo, a coisa foi fluíndo, quando o pai não podia, a mãe conseguia, ora podiam os dois... Enfim, a bicharada foi se reunindo.
No dia do teatro foi possíel ver o sacrifício de cada um, o aperto do horário, o celular tocando, cada um que chegava era uma vitória, e a coxia foi enchendo, a animação foi tomando conta a preparação ganhava os retoques finais. E então aconteceu algo que mexeu comigo (não, não foi o neném que chutou, engraçadinhos!).
Um único aluno não teria representante, o horário realmente era dificil, talves a avó fosse no lugar dos pais, mas nem isso estava certo. Sabe quando aquilo fica lá no fundo, dando um aperto no peito? E então vemos entrar um homem na coxia, roupa de trabalho, meio sem jeito, talves intimidado com a união dos outros pais. Foi então apresentado à nós pela professora.
Era o pai do tal aluno!!! Ele veio, a criança teria o seu representante, a turma toda estaria representada. Não me contive e uma lágrima rolou. Sabem aqueles filmes de milagre no natal? Eu vi acontecer! Sei que no fundo me emocionei não pelo aluno, mas por mim, por todas as vezes que me senti de lado, diferente dos de mais, aquela lágrima me lembrou todos os passeios que eu não fui, todas as reuniões que meus pais não foram, todos os eventos escolares que perdemos... Naquele dia o pai estava lá!
Talves sejam os hormônios da gravidez, a minha história de vida, o amor que eu sinto pelos meus filhos, ou tudo isso junto. Mas ver aquele pai chegar, sem máscara, sem ensaio, sem nos conhecer direito, vestir uma máscara emprestada, de um animal que nem teria lugar originalmente na música e participar do espetáculo foi muito forte para mim. Se a Oga Mitá fosse um sentimento, aquilo seria Oga Mitá para mim!
Queria de coração aproveitar o blog e agradecer à escola, à coordenação, às Professoras Valéria, Déborah e à Isabel, aos pais, familiares e, principalmente,amigos, que puderam me proporcionar mais uma forma de demonstrar o imenso amor que sinto pela minha filha. Agora, mais do que nunca eu sei, EDUCAR é possível!
"(...)Se eu tivesse mais alma pra dar
Eu daria, isso pra mim é viver. (...)" Djavan
*Imagem: Bicharada reunida depois da apresentação.