sexta-feira, 29 de julho de 2011

E há três meses veio o Léo!!




22/04/2011. O dia anterior ao seu nascimento foi especial. Sua irmã havia dormido na casa da avó e eu e seu pai estávamos sozinhos em casa, parecia que já sabíamos que seria o último dia antes de sua chegada. Aproveitamos para namorar e arrumar a casa para sua chegada, nada programado, mas a típica arrumação do ninho antes do parto (não que eu percebesse isso na hora).

Passei boa parte da manhã e o início da tarde ouvindo música, muito Oswaldo Montenegro (você não se chama Léo à toa!) rolando e eu no quarto de vocês separando suas roupinhas e mostrando ao seu pai o que eu gostaria que você usasse quando nascesse. Do nada me deu uma grande vontade de fazer uns exercícios que a Kira havia me passado e aproveitei o espelho do quarto de vocês e fiquei me movimentando. Eu olhava para o espelho e me via diferente, sério mesmo, estava serena (coisa difícil, vindo de mim! rsrs), me sentia bonita de uma forma peculiar, me sentia mais “fêmea” do que nunca.

Aproveitei para meditar um pouco, não sou de meditar, mas o momento merecia e comecei a entrar em contato comigo, com meus medos do parto, minha rejeição inicial à gravidez, ao novo, às mudanças que eu ainda desconhecia, mas que certamente iriam rolar. Chorei e lavei minha alma, foram lágrimas felizes, leves, era uma constatação de que eu estava, enfim, entrando de cabeça! Comecei a visualizar seu nascimento e uma luz clara percorrendo meu corpo, como se limpasse meu canal energético de qualquer pedrinha que pudesse estar no caminho. Sim, foi uma puta viagem!! Eu não sou uma pessoa muito mística, nem meditativa, mas precisava me entregar para ajudar a “desencalacrar” você! Rsrs

Enquanto meditava, seu pai entrou no quarto e percebeu que eu estava mexida, me abraçou e passamos um tempo mudos, não trocamos nenhuma palavra, mas nos comunicávamos intensamente.

Depois de um tempo fomos tomar banho e resolvemos almoçar num restaurante especial para nós. Chegamos tarde ao restaurante e aproveitei para comer muito, a comida estava deliciosa e conforme eu comia algumas contrações começaram a aparecer, nada que tirasse de mim o apetite voraz que me acompanhou toda a gestação.

Eram umas 16h e quando saímos do restaurante tive uma contração que me fez apoiar no seu pai e vocalizar um pouco ,tentei me controlar pois não queria que ninguém na rua viesse tentar ajudar. Foi curioso pois logo veio um homem, do outro lado da rua oferecer ajuda e a gente negando e tentando entrar logo no carro!! Rsrs

Tínhamos combinado de buscar sua irmã às 17hrs e eu não quis deixá-la esperando, e também não queria que minha mãe soubesse que eu podia estar em TP, não por ela, mas não queria que ninguém, exceto a Helo e o seu pai, soubessem quando eu estaria em TP.

Minha mãe mora um pouco longe e no caminho percebi que eu já não conseguia mais falar, pedi para voltarmos para casa. Subir as escadas foi bastante difícil, tive que parar em cada andar, me agachar e vocalizar, e acabei ficando grilada de algum vizinho ver. Enfim, cheguei em casa e fui direto para o chuveiro, precisava me mexer o tempo todo, me agachava, levantava, ficava de quatro... Sempre vocalizando bastante (não era forçado, eu só precisava fazer isso), em algum momento a Helo chegou, não vi ela chegar e nem entrar no banheiro, estava tudo escuro pois o Dani havia fechado o vasculhante com toalhas e eu não conseguia ficar de olhos abertos.

De repente as contrações foram ficando mais fracas e mais espaçadas e eu comecei a tomar consciência disso, eu queria a contração, eu tentava me concentrar mais, mas era tudo em vão. Ao mesmo tempo eu pensava na minha filhinha, lá na casa da avó, sem saber que horas eu ia chegar... E então tudo parou! Parou mesmo, eu sai do banho e fui conversar com a Helo, resolvemos fazer um toque para saber como estava e tínhamos um tico de dilatação (1,5), que podia muito bem nem ter haver com as 4 horas de contração que eu havia tido. A única mudança foi o fato de você ter se reposicionado e ficado com o dorso à esquerda. Nesta hora dei graças por estar sendo acompanhada pela Helo, pois poderia muito bem ter ido parar na cesária por parada de progressão.

Helo pediu para dormir aqui, pois podia recomeçar e como era o segundinho a coisa poderia ser rápida.Eu não quis, estava louca para buscar minha filha e temia que Helo ficasse aqui e nada acontecesse, eu ia me sentir mal de ocupá-la à toa.

Saímos às 21h para buscar sua irmã. Lanchamos, conversamos e voltamos para casa às 23h, até então nenhuma contraçãozinha sequer. Chegamos e fomos logo dormir, todos juntos na mesma cama.

Do nada eu acordei, senti uma dor forte e uma mega pressão no intestino, achei que seria uma dor de barriga daquelas, catei meu celular, pois se eu ia demorar no banheiro ia aproveitar para ver uns emails, hehe, eram 02:00 da madrugada. Quando cheguei no banheiro percebi que não era bem isso, a dor logo migrou para a frente, próximo ao osso do púbis e veio muito forte! Acho que meus gritos acordaram o Dani, pois quando ele apareceu para mim eu já gritava alucinadamente. Ele pegou o celular para chamar a Helo e eu impedi, pedi para esperar para ver se era para valer.

A partir de agora os horários foram pegos pelo celular do Dani , no histórico das ligações.

02:30 Dani ligou para a Helo e pediu para que ela viesse correndo. Neste ponto a vocalização já havia se transformado em berros guturais, xingamentos e chamados pela Helo.

Eu sentia como se meu corpo estivesse possuído por uma força tal que eu não poderia controlar, só me restava berrar e me entregar. A dor era muito forte e eu sentia meu púbis abrindo no meio de forma violenta, acho que nem sabia que podia berrar tão alto!

De repente senti a sua cabeça iniciando a decida pelo canal vaginal, foi como um estiramento e a partir dai comecei a sentir os puxos (aquela vontade de fazer força incontrolável e instintiva), uma contração fez muita pressão e senti algo descendo, passei a mão e senti algo pendurado em mim. Nessa hora o pouco que eu tinha de consciência se desesperou, achei que tinha sido um prolapso de cordão, porque ficou pendurado, não saia e nem caia... No micro intervalo da contração chamei o Dani e pedi para ele avaliar se era o cordão. Sabe quando você precisa de alguém bem calmo? Então, o Dani foi perfeito!! Ele veio todo delicado , pegou o celular para iluminar (eu estava sentada no vaso) e viu que era uma membrana e que não era o cordão. Ufa! Só isso me bastou, pode parecer irresponsável, mas confio muito no Dani e ele já acompanhou muitos eventos de parto, viu o parto da Malu e sabe muito bem como é um cordão.

Mais tranquila, avisei a ele (aos berros no meio da contração, pois já não tinha quase intervalo) que não tinha como não empurrar e ele ficou lá, todo calmo, agachado na minha frente e com a mão protegendo para, caso você saísse, não caísse no vaso.

Às 03:00 a Helo chegou e o Dani desceu para abrir o portão (não quis que ela tocasse o interfone para não me atrapalhar), ele falou que dava para me ouvir da rua e a Helo subiu correndo! Ela pediu para ele levar o material, que é bastante, e falou para descer depois para pegar o O2, porque é muito pesado. Imagina que um pai ia deixar para pegar o O2 depois!! Hehe O Dani subiu lotado de coisa!! Como ele conseguiu? Só o TP para provocar isso mesmo! Rsrs



Ahh, sim! Ele me deixou sozinha em casa, em pleno expulsivo, com Malu dormindo no nosso quarto, mas ele garante que foi por menos de 2 minutos!! Hehe

Não percebi bem quando a Helo chegou, e nem lembrei de contar para ela da membrana pendurada, na verdade eu estava tão tranquila com a avaliação do Dani que nem me liguei de comentar...

Nesta hora eu estava urrando de dor, repetia que não aguentava mais e já tava bem relaxada, fazendo a força que o corpo pedia, afinal a parteira já havia chegado. Helo me observou um pouco e depois de um tempinho fez a primeira ausculta...O som estava alto e eu percebi que, ao invés daquela cavalaria, o que ouvíamos era um compasso lento...Na mesma hora ela me pediu para levantar e deu de cara com a membrana.

Foi ai que o bicho pegou, ela também achou inicialmente que poderia ser o cordão e tentou colocar para dentro, nada feito, associou a estranha membrana à sua taquicardia, e me pediu para mudar de posição para ver se ajudava no expulsivo. Olhou bem fundo para mim e falou: Gabi, esse bebê tem que nascer AGORA!

Não tive tempo de ter medo, não questionei, não pensei em nada (se é que é possível pensar estando na “partolândia”), foquei em colocar todas as minhas forças no seu nascimento. Dane-se tudo, dane-se qualquer consequência de fazer força além dos puxos naturais, agora é só você que importava e eu fiz a força que podia. Nada feito, eu sentia que ainda faltava um tico para você terminar de descer. Pedi a banqueta, mas antes da Helo terminar de colocá-la no chão eu precisei fazer força e ai ficou nítido para mim que não dava para apressar as coisas sozinha, eu fiz uma força absurda quando veio o “puxo”, mas nada...

Nessa hora Helo chamou o Dani e me pediu para deitar. Lembro que pensei: FUDEU!! Ela vai me fazer uma epísio!

Deitei no chão do banheiro (que estava todo forrado de toalhas), Helo posicionou o Dani atrás de mim e mostrou a ele como fazer um Kristeller. Meu segundo pensamento foi: FUDEU² !!! Vou me arrebentar toda!

E tudo rolou de uma forma tão rápida e mágica que é até difícil relatar. Fez-se silêncio e parecia que nós três já havíamos trabalhado juntos muitas vezes, ninguém precisou dizer nada, tudo foi absolutamente coordenado. Veio uma contração daquelas e eu comecei a fazer força e relaxei a pelve, o Dani foi fazendo uma pressão sutil e “comprida” para apoiar os seus pés e te ajudar a sair, Helo “abaixou meu períneo”.

Foi uma dor muito forte (dei uma mega-mordida no seu pai para extravasar a dor! Rsrs), mas eu senti claramente você descendo, coroando e saindo a cabeça, em seguida saiu o resto do corpo e você surgiu nos meus braços! Eram 03:17 !!Nesta hora passou tudo, nada de dor, nada... Te peguei e só conseguia te chamar e me preocupar se você estava bem. A Helo repetia várias vezes que estava tudo ótimo, que você estava bem e eu lá, em outro mundo, não escutava nada só esfregava suas costas tentando te estimular a respirar, até cair a ficha que você já respirava demorou !



Olha a mordida aí!






UFA! Aqui estava você!!! Lindo, que bebê mais lindo!! Veio para o meu colo ainda de olhos fechados, como se dormisse, não chorou, foi “acordando” lentamente, pegando o peito e abrindo os olhinhos para nos conhecer. Tudo mais calmo, Helo foi ao nosso quarto acordar sua irmã, ela veio toda sonolenta para te conhecer. Ficou elétrica, não sei bem o que passou pela cabecinha dela, o quanto ela conseguiu compreender de tudo que acontecia, ajudou a Helo a te arrumar, cortou a segunda parte do cordão e ficou na nossa cama até pegar no sono novamente.






Quanto a mim? Estava elétrica e extasiada de mais para dormir! Fiquei olhando vocês três dormindo e me sentindo, enfim, completa.

13 comentários:

Unknown disse...

Aí Gabi, adorei o relato. Estava ansiosa por essa postagem e imagino que muita gente também.

"o parto mais rápido da história"

lembro que na sexta dia 22 eu tinha ligado pra vc e perguntado se estava tudo bem e na manhã do dia 23 vc me manda um torpedo dizendo que o Leo tinha nascido. Levei aquele susto né, pois tinha lido a mensagem mega sonolenta e imediatamente acordei o Rafael e contei. Te liguei e quis saber de tudo hahahaa. É verdade, o bichinho da maternidade me mordeu... e esse bichinho se chama Gabi!!! E cheia de orgulho, contei pra todo mundo que eu conhecia (ou não) sobre o seu parto, (aliás, eu contei o da malu tbm, rá). Fiquei muito feliz com a vinda do Leo ainda mais por ele ser gigantão que nem o Gui!!! Fofura no último nível!!!

Imagino um pouco da tua dor, pois tbm senti muuuuuita dor no meu parto, mas a boa é que foi rápido. E que a Helô tem asas. Que carro é esse? Como que ela chegou tão rápido??? Perfeita.

Daniel como sempre 10! e a Malu que mágica. Deixou para despertar assim que sentiu a presença do irmão. Linda, linda, linda e linda.

Ela é um encanto e fico toda derretida quando vejo ela junto do Gui, o quanto os dois são parceiros. E daqui a pouco Leozinho estará na área para se juntar aos dois.

Gabi, sabe que te admiro muito como mãe, doula e parideira hahahaha.

Adorei o relato.

um beijo enorme na família!!

Beca Bricio - www.mulherquepariu.blogspot.com

Ana Cristina disse...

Gabi...sem palavras... sou mãe de 4 filhos e não comunguei desta sua sublime vivencia.. não conseguia parar de ler meus olhos marejavam,meu coração parecia estar parado, estacionado no peito esperando pelo final e enfim acho que nasci tb um pouco com o seu Leo... muitos beijos para vocês... Ana, mãe da caçula Ni
na.

Chris Ferreira disse...

Oi Gabriela,
que relato fantástico.
Que parto maravilhoso!
Quanta emoção!

Parabéns e que sejam muito felizes.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

Claudia B.Silveira disse...

Lindo relato, contagiante!! Léo vai ficar cheio de orgulho, o dia que ler! Parabéns, de novo, à família que eu adoro : )

Cynthia disse...

Minha linda estou chorando,é verdade me emocionei, pois tenho 3 filhos, mais não pude ter nenhum parto normal, então senti contrações, mais o meu momento não foi tão magico, foi lindo , mais não tão magico, um beijo pra todos sua casa e que seu lar seja sempre abençoado, Cynthia

Rafaella disse...

Que relato mais lindo...
Morro de medo de parto normal, mas sonho em ter um parto desse em casa...
Não existe lugar que te deixe mais segura, confiante, a vontade...
Parabéns pelo novo baby...

Thaís Gama disse...

Nossa, estou sem palavras... Segurando o choro... Caramba! Muito lindo, lindo mesmo. Parabéns pela atitude, não vejo uma forma mais linda de uma criança vir ao mundo. Tudo tão mágico e perfeito... Vc e Rebeca são minhas heroínas! Admiro muito vocês! Parabéns pela família! Muitas felicidades, vcs merecem!

Paula Barbosa disse...

Como toda mãe meu coração sentia que não passaria daquele dia. Já na manhã seguinte estranhei sua mãe não ligar avisando o horário que iam buscar sua irmã. Fiz um comentário com minha tia: acho que ela se preparando para o Léo nascer. Estranhei o celular tocar o sinal de mensagem, era seu pai avisando que iam pegar sua irmã.MENSAGEM???? Nunca fizeram isso.
Mas as 21:00h chegaram. Entraram, lancharam. E sua mãe não quis comer nada e andava como uma patinha. Desconfiei, mas ela deu certeza que esta tudo bem.
Rezei muito naquela noite.
Devota em São Jorge, pedi muito para protegê-los.
Às 04:00 o tel tocou, e a notícia mais linda e emocionante da minha vida foi: Léo já nasceu, esta tudo bem.
Voei a pedido de sua mãe pro seu encontro.
Amei ver os 4 deitados na máxima cama, amei te conhecer naquele dia.
Eu amo vcs.

Unknown disse...

Com certeza ele valeu a mordida!
Amo nossa Ohana!

bjs!

Futura mãmã disse...

Oi Gabi ...Simplesmenteee ameiii este post...ta demais !!
Voce foi uma grande mulher ;)
E seu marido um grande homem calmo e sereno a ajudando como voce precisava e merecia... ( nao esquecendo que nem todos os homens tao preparados para tal, nem sabem o que e nada de nada ) ...
E la' seu bebe nasceu com saude e lindo : D
PARABENSS PELA SEGUNDA VIAGEM ...Beijoo


Primeira viagem em seu blog..

Camí Espíndola disse...

Simplesmente amei esse post! :)) Tive parto normal também, entrei em trabalho de parto com a cesária marcada pra dali a 5 dias. Entrei em desespero e naquele momento percebi o quanto eu não estava preparada pro tal do parto normal. Mas foi a minha melhor escolha *-* No meu próximo filho, quero ter em casa também :)

Beeeijos

piscardeolhos disse...

eu não canso de ler esse post, que coisa linda!
e a mordida, gente?
WILD!
besitos

Mamãe da Sophia disse...

Super emocionante o teu relato! Teria amado se minha bebê (8 meses) tivesse nascido em casa. Tenho um amigo doula que até quis se aventurar comigo...mas, infelizmente, Sophia teve que vir de cesária! Muito legal a foto com tua placenta. Estou lendo um livro bótimo da Laura Gutman em que ela fala que pouquíssimas mães têm a oportunidade de conhecerem suas placentas. Bom; você não é uma destas! E a mordida foi especial, né? Bj